Wednesday, April 13, 2011


CONJUNTO HABITACIONAL

Por Erika Tiemi Ikehara

O Banco Nacional de Habitação, BNH, ficou encarregado de levar as pessoas que moravam em condições insalubres para um lugar mais firme. E iniciou a construção de Conjuntos Habitacionais para população de baixa renda, que é hoje conhecido como os HIS – Habitação de Interesse Social.
O problema dos conjuntos habitacionais espalhados, em geral nas periferias das grandes cidades brasileiras não é apenas de concentrarem população de baixa renda, mas de serem inabitáveis. Trocando em miúdos: esse modelo de moradia popular horizontal ou verticalizada, que se desenvolveu ao longo do século passado, tem sido considerada como a solução arquitetônica e urbanística viável para a população pobre nos dias de hoje. A questão é observar se o conjunto habitacional está sendo inserido no contexto urbano de forma adequada, se respeita os potenciais positivos da área, e se procura suprir as necessidades para melhorar as condições carentes de qualidade urbana.
No passado, o conjunto habitacional já teve ares de sonho – a moradia do trabalhador integrado na urbe. Depois, virou pesadelo. Atualmente ainda é possível resgatar partes dessa utopia que virou ruína.
O conjunto habitacional era uma concepção nova, influenciada inclusive por idéias socialistas. Pensava no uso coletivo do terreno, descolando a construção de uma unidade habitacional da posse de um pedaço de terra. Do ponto de vista urbanístico, rompia a lógica dominante, de quadras separadas por ruas. A proposta era de grandes áreas internas sem circulação de automóveis, nas quais haveria área de lazer e equipamentos urbanos como postos de saúde e escolas. Essa idéia de território livre, sem carros, não funcionou a contento nos EUA, e alguns conjuntos foram demolidos pelo fato da área comum ter-se transformado em área de ninguém, e controlado por marginais. Contrapondo essa concepção, foi oportuna a publicação do livro Morte e Vida das grandes cidades americanas, escrito por Jane Jacobs, enfatizando a importância das ruas desde que um local público participativo, vivenciado e vigiado pela população.
Erika Tiemi Ikehara é aluna da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UMC, Tema: Urbanismo, Abril 2011.

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